21º Domingo do Tempo Comum
A liturgia deste domingo nos apresenta duas verdades de fé indiscutíveis: o amor de Deus e o poder de Deus.
Na leitura do profeta Isaías, contemplamos um Deus que nos conhece por inteiro – exterior e interior, pensamentos e ações – e, mesmo sabendo de nossas fraquezas, escolhe-nos por amor. Ele não desiste de nenhum de seus filhos, mas sai em busca de suas ovelhas perdidas:
“Enviarei, dentre os que foram salvos, mensageiros para os povos de Társis, Fut, Lud, Mosoc, Ros, Tubal e Javã, para as terras distantes.” (Is 66,19)
Esses nomes não são colocados ao acaso. Representam os povos descendentes dos filhos de Noé, dispersos até os “confins do mundo conhecido” pelos hebreus. Assim, a Palavra revela que Deus deseja reunir todos os povos sob suas asas, como confirma Jesus no Evangelho:
“Quantas vezes eu quis reunir os seus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas.” (Mt 23,37)
Essas sete nações simbolizam também a força humana – riquezas, comércio, poderio militar – que, diante do Senhor, não se sustenta. Tudo aquilo em que o homem confia fora de Deus precisa se dobrar diante de sua mão poderosa.
Por isso, a missão permanece: “Proclamai o Evangelho a toda criatura! Pois comprovado é seu amor para conosco, para sempre ele é fiel!” (Mc 16,15; Sl 116,2)
Deus ama a todos os pecadores, mas não ama o pecado. Como Pai, corrige seus filhos para que retornem ao caminho da vida:
“Meu filho, não desprezes a educação do Senhor, não te desanimes quando ele te repreende, pois o Senhor corrige a quem ele ama e castiga a quem aceita como filho.” (Hb 12,5-6)
A correção, ainda que doa no momento, produz frutos de paz e justiça para aqueles que nela perseveram. Assim, o Senhor derruba os poderosos de seus tronos e mostra qual é a verdadeira força que conduz à vida. Por isso, Jesus nos adverte:
“Esforçai-vos para entrar pela porta estreita.” (Lc 13,24)
E ainda recorda: muitos dos que parecem estar perto de Deus, mas vivem de aparências, serão surpreendidos. Enquanto isso, os que estavam distantes e sedentos da Palavra tomarão o primeiro lugar na mesa do Reino:
“Virão homens do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus. E assim há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos.” (Lc 13,29-30)
Que esta liturgia nos ajude a reconhecer o amor e a correção de Deus, para que não confiemos em nossas próprias forças, mas na sua misericórdia que salva e reúne.
Senhor, fazei de nós mensageiros do vosso amor, para que nenhum dos vossos filhos se perca, mas todos encontrem lugar à mesa do vosso Reino.
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