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justica de Cristo

“O que pedirdes ao Pai, Ele vos dará” (Jo 16,23)

Neste 17º Domingo do Tempo Comum, a Liturgia nos conduz ao encontro de um Deus que escuta e atende, mas também que é justo.

No livro do Gênesis (18,20-32), contemplamos a narrativa dramática de Sodoma e Gomorra, cidades dominadas pela maldade e pela corrupção moral. O juízo divino se aproximava, mas Abraão, movido pela compaixão, intercede por elas: “Vais exterminar o justo com o ímpio?” Ele insiste com Deus: e se houver cinquenta justos? Quarenta? Dez? E o Senhor responde: “Se encontrar dez justos naquela cidade, não a destruirei.”

A intercessão de Abraão revela o coração de um homem que acredita na misericórdia de Deus. No entanto, nem mesmo dez justos foram encontrados.

A humanidade, ferida pelo pecado original, não podia se justificar por si mesma. Mas o plano de Deus ultrapassa a justiça humana: em sua infinita misericórdia, Ele envia o Justo por excelência, Jesus Cristo, para justificar os pecadores. Como diz São Paulo: “Ele cancelou a dívida que havia contra nós, com suas obrigações legais, e a eliminou pregando-a na cruz” (Cl 2,14).

Se bastassem alguns homens justos para salvar Sodoma, quanto mais eficaz é a justiça de Cristo, que sendo Deus, oferece a redenção a toda a humanidade. É por iniciativa de Deus que recebemos aquilo de que realmente precisamos: o perdão, a salvação e a vida eterna.

Jesus nos revela que o Pai é generoso e pronto a atender os pedidos daqueles que O buscam com fé. No Evangelho (Lc 11,1-13), os discípulos pedem: “Senhor, ensina-nos a orar”, e Jesus lhes ensina o Pai-Nosso.

Nessa oração, reconhecemos Deus como nosso Pai, nos colocamos como irmãos, acolhemos a Sua vontade, agradecemos pelo pão de cada dia, pedimos perdão e nos comprometemos a perdoar, suplicamos libertação do mal e da tentação. É um caminho de intimidade com o Pai, no qual aprendemos o que de fato devemos pedir.

“Pedi e vos será dado; buscai e achareis; batei e vos será aberto” (Lc 11,9). Esta é a promessa de Jesus, que garante que o Pai do Céu dá o Espírito Santo àqueles que O pedem. Afinal, “se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas a vossos filhos, quanto mais o Pai celeste…”

Aprender a orar é aprender a confiar. É saber pedir, sabendo que o Pai sempre nos dará o que é bom, ainda que não seja exatamente o que esperamos.

Como disse Santa Mônica, mãe de Santo Agostinho, cuja oração perseverante levou à conversão de seu filho:

“Nada está perdido enquanto Deus é Pai e a oração é uma ponte.”

Que aprendamos com Abraão, com Jesus e com Santa Mônica a sermos persistentes na oração e confiantes na bondade do Pai, certos de que Ele sempre nos escuta com amor.

No Eco da Palavra, buscamos refletir sobre os detalhes das leituras diárias que podem passar despercebidos nas homilias. Cada versículo tem uma riqueza infinita, e aqui, ecoamos essas pequenas grandes revelações para alimentar a fé e aprofundar a vivência da Palavra de Deus no dia a dia.