A Liturgia deste 16º Domingo do Tempo Comum nos convida a refletir sobre a harmonia entre o agir e o escutar, entre o serviço generoso e a escuta atenta da Palavra. No Evangelho de Lucas (10,38-42), vemos duas irmãs que acolhem Jesus: Marta, atarefada com os serviços da casa, e Maria, que se senta aos pés do Senhor para ouvi-Lo.
“Maria escolheu a melhor parte, e esta não lhe será tirada” (Lc 10,42).
Jesus não critica o serviço de Marta, mas revela que a escuta e a presença devem vir em primeiro lugar. Antes de fazer algo para Deus, é preciso estar com Deus.
Essa mesma dinâmica aparece na Primeira Leitura (Gn 18,1-10a), quando o Senhor visita Abraão nos carvalhos de Mambré. Abraão se apressa em acolher os visitantes e em providenciar alimento, pedindo a colaboração de Sara. Mas então vem a pergunta surpreendente: “Onde está Sara, tua mulher?” (Gn 18,9).
A interrogação revela algo mais profundo: o Senhor não procura apenas o serviço; Ele deseja o encontro. Sara, ocupada nos bastidores, acaba por não viver plenamente a experiência da visita divina.
Assim como Marta e Sara, nós também podemos cair na tentação de fazer muito por Deus — e esquecer de estar com Ele.
A tradição espiritual da Igreja sempre buscou esse equilíbrio. São Bento nos ensina: “Ora et labora” – “Reza e trabalha”.
A oração ilumina o trabalho, e o trabalho autentica a oração. Já São Tiago recorda que “a fé, se não tiver obras, é morta” (Tg 2,17).
No entanto, obras sem oração podem se transformar em simples ativismo, esvaziado de sentido.
O serviço é necessário, mas a oração é essencial.
O verdadeiro discipulado começa aos pés do Senhor.
Como nos diz o Salmo: “Tu me mostras o caminho da vida, a plenitude da alegria em tua presença” (Sl 15,11).
É da presença de Deus que nasce o verdadeiro agir cristão. Escutar primeiro, servir depois. Permanecer com Ele, para depois levá-Lo aos outros.
Equilíbrio é o caminho.
Estar com Cristo para depois servi-Lo nos irmãos.
Agir com amor, a partir do coração que escutou a Palavra.
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