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Misericordia sobre o Julgamento

 A misericórdia triunfa sobre o julgamento

Nesta semana do Tempo Comum, somos convidados a meditar sobre a história de José do Egito, apresentada nas leituras diárias, e a parábola do bom samaritano, proclamada no domingo. Ambas as narrativas nos conduzem à reflexão, mostrando que Deus transforma o mal em bem, a dor em redenção, e que a misericórdia é o caminho mais alto da justiça divina.

Mas qual é a relação entre essas duas histórias?

Na parábola do bom samaritano (cf. Lc 10,25-37), Jesus nos mostra três atitudes diante do sofrimento:

  1. A do homem caído, símbolo de todos os que sofrem;
  2. A dos que passaram ao largo, ignorando a dor alheia — mesmo sendo representantes da religião, onde moralmente teriam o dever do serviço;
  3. E a do samaritano, alguém marginalizado, mas que se compadece e age com amor.

Na história de José, vemos também três figuras:

  1. José, jogado no poço, vendido como escravo, traído pelos próprios irmãos (cf. Gn 37);
  2. Os irmãos, que deveriam protegê-lo, mas se tornaram seus agressores e o abandonam;
  3. E o próprio José assume o papel semelhante ao samaritano: alguém que, mesmo injustiçado e humilhado, escolhe perdoar e salvar sua família, dizendo:

“Não fostes vós que me enviastes para cá, mas Deus… para salvar a vida de muitos” (Gn 45,8)

Em ambas as histórias, a misericórdia triunfa sobre o julgamento (cf. Tg 2,13).

Quantas vezes somos chamados a amar nossos inimigos, como o Senhor nos ensina?

Deus, em sua infinita bondade, nos sustenta nas tribulações. Com mão poderosa, o Senhor nos ergue e nos reveste de força e autoridade. Entregando nos nossos opressores em nossas mãos. Pela justiça humana, poderíamos vingar-nos. Mas pela lógica divina, somos convidados à misericórdia.

“Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam… Sede misericordiosos como também o vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,27.36).

Santa Faustina nos lembra: “Se Deus nos concedeu misericórdia, é para que a multipliquemos aos outros”.

Quem é o teu próximo?

O seu próximo não é apenas quem te ama ou concorda contigo. Teu próximo também é aquele que te feriu, te rejeitou, te humilhou. Mesmo ele é digno da compaixão que vem de Deus. Porque quando perdoamos, somos verdadeiramente livres. E quando amamos os inimigos, nos tornamos filhos do Altíssimo.

Peçamos a graça de sermos como José e como o Bom Samaritano: homens e mulheres que não respondem com ódio, mas com misericórdia; que não retribuem o mal, mas transformam o mal em bem — porque Deus nos sustenta com sua fidelidade e nos unge com autoridade para amar.

No Eco da Palavra, buscamos refletir sobre os detalhes das leituras diárias que podem passar despercebidos nas homilias. Cada versículo tem uma riqueza infinita, e aqui, ecoamos essas pequenas grandes revelações para alimentar a fé e aprofundar a vivência da Palavra de Deus no dia a dia.