O Evangelho deste 14° domingo do tempo comum (Lc 10,1-12.17-20) começa com o envio dos discípulos em missão. Jesus os manda dois a dois, para que anunciem a paz e preparem os caminhos do Reino. E aqui nos é feita uma pergunta existencial: Onde estão os teus pés? Estão a caminho do serviço, ou estacionados nas seguranças do mundo? E mais: onde mora a tua alegria?
Tua alegria deve estar em fazer a vontade do Senhor. É um grande júbilo saber que teu nome está escrito no céu.
Os discípulos voltam contentes com os frutos da missão, mas Jesus os convida a olhar mais alto: a verdadeira alegria não está nos resultados, mas no pertencer a Deus. “Alegrai-vos antes, porque vossos nomes estão escritos no céu” (Lc 10,20).
A missão não é causa de vanglória, mas espaço de gratuidade: “De graça recebestes, de graça deveis dar” (Mt 10,8).
Não vos glorieis pelas coisas que podeis fazer, mas estas mesmas coisas que podeis fazer, façam-nas a serviço do Reino.
Essa é a alegria madura do coração que serve. A alegria que não busca aplausos, mas encontra sentido em dar-se por amor. É a alegria de quem vive o que diz São Paulo na segunda leitura: “Quanto a mim, que eu me glorie somente da cruz do Senhor nosso, Jesus Cristo” (Gl 6,14). A cruz, sinal de entrega e de serviço, é também fonte de consolo, porque nela está o maior amor.
As coisas deste mundo são passageiras. Os poderes, as conquistas, os elogios: tudo isso se desfaz com o tempo. Mas o amor oferecido a Deus e ao próximo permanece. É isso que vale.
Se amas a Igreja, alegra-te com as alegrias dela. E grande consolação esse amor lhe será.
Na primeira leitura (Is 66,10-14c), o profeta convida: “Alegrai-vos com Jerusalém, exultai por ela todos vós que a amais!” A Igreja é mãe, e nela encontramos consolo. Quem se alegra com a alegria da Igreja, que é a salvação dos seus filhos, encontrará alívio até mesmo nas tribulações.
Não haverá mal nesta terra que poderá te abater, pois tua confiança está no Senhor.
É nesse espírito que também somos enviados. A missão de anunciar o Evangelho não é apenas dos outros — ela é nossa. “Pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15), nos diz o Senhor.
Mas há aqueles que ouvirão e recusarão. Jesus é claro: “Naquele dia, haverá mais tolerância para Sodoma do que para aquela cidade” (Lc 10,12). Porque Sodoma não viu o que nós vemos, não ouviu o que nós ouvimos. Cristo vive, e suas obras são incontestáveis. Mesmo assim, muitos se recusam por livre escolha, e assumem as consequências de viver uma constante insatisfação, pois o que os completa foi rejeitado.
No entanto, quem ama, persevera. Quem serve, se alegra. Quem sofre por amor a Deus, será consolado. A alegria do cristão não está no que sente, mas no que vive — e vive por amor.
Que nossos pés estejam a caminho do bem. Que nossa alegria não dependa do sucesso, mas da fidelidade. E que possamos, como os discípulos, voltar da missão com o coração em paz — não porque tudo deu certo, mas porque fizemos a vontade do Pai.
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