Nossa história de fé começa com Abraão, o pai da fé, a quem Deus fez uma promessa decisiva:
“Em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12,3).
Dele nasceu Isaque, e de Isaque nasceu Jacó. Este, por sua vez, teve seu nome transformado por Deus:
“Não te chamarás mais Jacó, mas sim Israel, porque lutaste com Deus e com os homens, e venceste.” (Gn 32,28)
A partir de Israel (Jacó), surgiram seus doze filhos, que formaram as doze tribos de Israel — a base do povo judeu. Mais tarde, esse povo, após um longo período de escravidão no Egito, foi libertado por Moisés e recebeu a Lei no Sinai, tornando-se herdeiro da promessa feita a Abraão.
Contudo, o plano de Deus ia além de um único povo. Quando muitos judeus rejeitaram a mensagem de Cristo, os apóstolos, iluminados pelo Espírito, compreenderam que a salvação era destinada a todos:
“Era preciso anunciar a palavra de Deus primeiro a vós. Mas, como a rejeitais… sabei que vamos dirigir-nos aos pagãos. […] ‘Eu te coloquei como luz para as nações, para que leves a salvação até os confins da terra’.” (At 13,46-47)
Assim, a Boa Nova se estendeu a todas as nações, cumprindo o plano misterioso do Pai. Esse mesmo Pai que nos conhece profundamente:
“As minhas ovelhas escutam a minha voz. Eu as conheço” (Jo 10,27)
“Meu Pai, que me deu estas ovelhas, é maior que todos, e ninguém pode arrebatá-las da mão do Pai” (Jo 10,29)
Somos escolhidos. Deus nos molda com paciência, conduzindo-nos por caminhos muitas vezes incompreensíveis, mas sempre repletos de amor. Mesmo nossas quedas fazem parte do processo. Ele nos catequiza com a própria vida, até que nossos corações se abram à Sua graça.
Veja o exemplo de Paulo. Antes, ele era Saulo, fervoroso perseguidor dos cristãos, cumpridor exemplar da Lei. Mas ao ver a fé de Estêvão, o primeiro mártir, algo se moveu dentro dele. Uma semente foi plantada. Mais tarde, no caminho de Damasco, encontrou Cristo. E toda sua paixão pela Lei foi convertida em zelo pela missão. Paulo tornou-se uma das colunas da Igreja, provando que os caminhos de Deus são insondáveis.
Hoje, a Igreja Católica conta com mais de um bilhão de fiéis espalhados pelo mundo. Mas não somos apenas estatísticas. Cada fiel carrega consigo uma história única de fé, conversão e luta, profundamente valiosa aos olhos de Deus.
Nossa trajetória pessoal, com suas vitórias e fraquezas, compõe o grande mosaico do plano divino. Deus utiliza cada detalhe — até mesmo nossas dores — para nos moldar e nos conduzir a Ele.
Assim como São Paulo teve sua vida transformada após o encontro com Cristo, também nós somos chamados a reconhecer Sua presença em nossa história. Como disse Santo Agostinho: “Tarde te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei!”
Por isso, valorizemos a nossa história. Deus está presente em cada capítulo, escrevendo com amor e misericórdia até mesmo nas entrelinhas mais difíceis. Mesmo em tempos de provação, permaneçamos firmes na fé.
Somos parte de um povo escolhido, chamados a testemunhar o amor de Deus neste mundo. Como nos encorajou São João Paulo II: “Não tenhais medo! Abri, ou antes, escancarai as portas a Cristo!”
Que possamos, com coragem e esperança, viver e anunciar o Evangelho, certos de que cada um de nós é profundamente amado e pessoalmente chamado pelo Senhor.
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