És o dia esperado! És o grande dia!
Chegamos ao Sábado de Aleluia, a noite santa, a mãe de todas as vigílias. Uma liturgia grandiosa, onde sete leituras e sete salmos nos conduzem por um caminho de memória e fé. Somos levados de volta no tempo, revisitando os marcos da nossa salvação. Deus, em sua infinita pedagogia, prepara uma verdadeira revisão da catequese perfeita: aquela escrita com amor na história, com precisão no coração humano.
“Eu vos darei um coração novo e porei um espírito novo dentro de vós. Arrancarei do vosso corpo o coração de pedra e vos darei um coração de carne; porei o meu espírito dentro de vós e farei com que sigais a minha lei e cuideis de observar os meus mandamentos.” (Ez 36, 26-27)
Assim é o agir de Deus: um cuidado que penetra a alma, um toque cirúrgico que transforma o nosso interior.
Começamos pelo princípio: “No princípio Deus criou o céu e a terra.” (Gn 1, 1)
Tudo foi criado com amor, com ordem, com beleza. E Deus viu que tudo era muito bom. Nossa essência é boa. A essência de todas as coisas é boa!
Avançamos na história da fé e encontramos Abraão, o pai das promessas. Sua confiança garantiu-nos a esperança da salvação:
“Deus providenciará a vítima para o holocausto, meu filho.” (Gn 22, 8)
O Filho seria entregue — mas não o de Abraão, e sim o do próprio Deus. Seria entregue por expiação de todos os pecados.
“Por tua descendência serão abençoadas todas as nações da terra.” (Gn 22, 18)
Chegamos ao Egito e aos grandes prodígios. Deus se mostra libertador, Senhor da história e companheiro do seu povo. Onde Deus firma uma marca na história e no coração do seu povo, que serviria de sinal da presença da mão poderosa de Deus por todas as gerações.
“Fujamos de Israel! Pois o Senhor combate a favor deles.” (Ex 14, 25)
“Cantemos ao Senhor que fez brilhar a sua glória!” (Ex 15, 1)
Pela boca de Isaías, ouvimos a promessa da misericórdia. Deus não desiste de nós.
“Minha misericórdia não se apartará de ti… diz o teu misericordioso Senhor.” (Is 54, 10)
E que a sabedoria de Deus é infinita. Seus planos são maestrados para que as consequências de seus atos atinjam a diferentes gerações.
“Meus pensamentos não são como os vossos pensamentos e vossos caminhos não são como os meus caminhos, diz o Senhor. Estão meus caminhos tão acima dos vossos caminhos e meus pensamentos acima dos vossos pensamentos, quanto está o céu acima da terra.” (Is 55, 8-9)
Com sábios conselhos Deus nos chama a retomar para Ele, no livro de Baruc.
“Aprende onde está a sabedoria, onde está a fortaleza e onde está a inteligência, e aprenderás também onde está a longevidade e a vida, onde está o brilho dos olhos e a paz.” (Br 3, 14)
E deixa bem claro, que não é por nossos méritos que recebemos Sua misericórdia, e sim por Seu imenso amor que toma a iniciativa por amar-nos.
“Por isso, dize à casa de Israel: ‘Assim fala o Senhor Deus: Não é por causa de vós que eu vou agir, casa de Israel, mas por causa do meu santo nome” (Ez 36, 22)
E todo este amor é convertido em um nome: “Jesus”. E este Amor amou-nos e nos ensinou a amar. E se por Ele fomos alcançados, por Ele seremos guiados. Guiados para a cruz, porque passando por ela poderemos ser novas criaturas.
“Sabemos que o nosso velho homem foi crucificado com Cristo, para que seja destruído o corpo de pecado, de maneira a não mais servirmos ao pecado. Com efeito, aquele que morreu está livre do pecado. Se, pois, morremos com Cristo, cremos que também viveremos com ele. Sabemos que Cristo ressuscitado dos mortos não morre mais; a morte já não tem poder sobre ele.” (Rm 6, 6-9)
E chegamos ao fim, no primeiro dia da semana. E as mulheres vão ao túmulo de Jesus: Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago. Curiosamente Sua mãe não estava entre elas.
Pois Maria sempre foi uma boa ouvinte, sempre guardou Suas palavras em seu coração. Ela sabia que a morte não poderia deter Seu Filho.
“Com efeito, será entregue aos gentios, escarnecido, ultrajado e cuspido; depois de o terem flagelado, matarão, mas ao terceiro dia ressuscitará. Eles, porém, nada disso compreenderam; esta palavra era-lhes obscura e não entendiam o que lhes dizia” (Lc 18, 31-34)
Essas palavras provavelmente não se aplicavam a Sua mãe.
Os anjos estavam a espera das mulheres no túmulo e lhes falaram: “Por que estais procurando entre os mortos aquele que está vivo?” (Lc 24, 5)
Nesta noite santíssima, em que nosso Senhor Jesus Cristo passou da morte à vida, a Igreja convida os seus filhos dispersos por toda a terra a se reunirem em vigília e oração. Se comemorarmos a Páscoa do Senhor ouvindo sua palavra e celebrando seus mistérios, podemos ter a firme esperança de participar do seu triunfo sobre a morte e de sua vida em Deus.
Sim, verdadeiramente é bom e justo Cantar o Pai de todo o coração, e celebrar seu filho Jesus Cristo, tornado para nós um novo Adão.
Foi ele quem pagou do outro a culpa, quando por nós à morte se entregou: para pagar o antigo documento, na cruz todo o seu sangue derramou.
Pois eis agora a Páscoa, nossa festa, em que o real Cordeiro se imolou: marcando nossas portas, nossas almas, com seu divino sangue nos salvou.
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