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Melquisedeque

“Tu és Sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.”

Essa frase, que se encontra na oração da ordenação sacerdotal no Missal Romano, é citada duas vezes na Bíblia: em Salmos 110, 4 e em Hebreus 5,6.

Melquisedeque, cujo nome significa “rei de justiça”, também é conhecido como “rei de Salém” ou “rei de paz”. Ao contrário dos sacerdotes levitas, ele não fazia parte da linhagem sacerdotal tradicional, sendo escolhido diretamente por Deus.

Ele é mencionado em Gênesis, quando Abraão resgata seu sobrinho Ló e derrota os reis que o haviam capturado. Melquisedeque oferece pão e vinho a Abraão e o abençoa. Em sinal de respeito e gratidão a Deus, Abraão lhe dá o dízimo de tudo o que possui. (Gn 14, 18-19)

Esse gesto de Abraão é uma forma de reconhecer Melquisedeque como sacerdote do Deus Altíssimo. A breve interação entre Abraão e Melquisedeque carrega um grande simbolismo.

A origem de Melquisedeque permanece um mistério, pois a Bíblia não menciona sua genealogia, nascimento ou morte. Em Hebreus, capítulo 7, ele é descrito como “sem pai, sem mãe, sem genealogia, sem princípio de dias nem fim de vida”, o que reforça sua função como sacerdote eterno.

Esse mistério faz de Melquisedeque uma figura que antecipa Jesus Cristo, o Sumo Sacerdote eterno. Assim como Melquisedeque, Jesus não veio da linhagem dos levitas, mas foi escolhido por Deus para um sacerdócio eterno.

O sacerdócio de Jesus se relaciona com a ordem de Melquisedeque, pois Jesus não pertence à tribo de Levi, de onde os sacerdotes tradicionais eram escolhidos. As genealogias de Cristo, presentes nos evangelhos de Mateus e Lucas, mostram que Ele descende da casa de Davi, ou seja, da tribo de Judá. Embora isso o torne Rei, não o qualificaria como sacerdote segundo a linhagem levítica. 

O sacerdócio de Cristo é único, irrepetível e eterno. Por essas características singulares, ele só podia ser prefigurado de forma tipológica pela ordem de Melquisedeque, que era ao mesmo tempo, sacerdote e rei.

Pensar nos relatos que envolvem Melquisedeque, nos leva a refletir.

A gratidão de Abraão, que ao vencer uma grande batalha ofereceu louvores ao reconhecer que sua vitória foi dada por Deus. Isso nos ensina a reconhecer a mão de Deus em nossas vitórias e a oferecer-lhe o melhor de nós.

Melquisedeque, antecipando Cristo, oferece pão e vinho, e o Abraão o reconhece como sacerdote do Deus Altíssimo. Cristo, por sua vez, ofereceu-nos sua carne e seu sangue redentor, não por necessitar ser reconhecido, mas por nós, que necessitamos reconhecer o Cristo em nossas vidas.

Finalmente, o mistério em torno de Melquisedeque nos ensina que não precisamos entender tudo completamente para confiar em Deus, que é soberano sobre todas as áreas de nossa vida.

No Eco da Palavra, buscamos refletir sobre os detalhes das leituras diárias que podem passar despercebidos nas homilias. Cada versículo tem uma riqueza infinita, e aqui, ecoamos essas pequenas grandes revelações para alimentar a fé e aprofundar a vivência da Palavra de Deus no dia a dia.