8º Domingo do Tempo Comum, Ano C
No decorrer da semana, as leituras nos apresentaram uma catequese voltada aos discípulos, com correções e orientações de Cristo. O Mestre, com amor e firmeza, formava aqueles que deveriam ser colunas da Igreja.
“Ó geração incrédula! Até quando estarei convosco? Até quando terei que suportar-vos?” (Mc 9,19)
Os discípulos tentaram expulsar um demônio, mas falharam. Por quê? Porque confiaram apenas em suas próprias forças, e não plenamente em Cristo. A falta de fé os impediu de agir com autoridade.
“Eu tenho fé, mas ajuda a minha falta de fé!” (Mc 9,24)
Aqui aprendemos uma lição essencial: devemos sempre rogar a Deus para fortalecer nossa fé, pois ela também é um dom divino.
“Os discípulos, porém, não compreendiam estas palavras e tinham medo de perguntar.” (Mc 9,32)
Movidos por pensamentos humanos, discutiam entre si quem seria o maior. Mas Cristo lhes apresenta a verdadeira grandeza:
“Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos!” (Mc 9,35)
Era preciso abandonar a lógica do mundo e adentrar na lógica de Deus: a verdadeira grandeza está no servir.
“Mestre, vimos um homem expulsar demônios em teu nome. Mas nós o proibimos.” (Mc 9,38)
Seus corações ainda eram dominados pela arrogância e prepotência. Mas Cristo, pacientemente, ia derrubando essas barreiras, lapidando cada um deles como pedras brutas, moldando-os para que se tornassem fortes colunas da fé.
“Se tua mão te leva a pecar, corta-a! É melhor entrar na Vida sem uma das mãos, do que, tendo as duas, ir para o inferno.” (Mc 9,43)
Com palavras duras, mas necessárias, Cristo lhes ensinava, pois seus corações já estavam preparados para uma catequese mais profunda.
“Coisa boa é o sal. Mas se o sal se tornar insosso, com que lhe restituireis o tempero?” (Mc 9,50)
Os discípulos deveriam ser o sal da terra, espalhando a Boa Nova e dando sabor ao mundo com seu testemunho.
“Deixai vir a mim as crianças. Não as proibais, porque o Reino de Deus é dos que são como elas.” (Mc 10,14)
Cristo ensinava que, para entrar no Reino dos Céus, era preciso ter um coração puro, sem mágoas ou malícia, confiando plenamente no amparo do Pai.
A Igreja, Corpo de Cristo, precisa de pessoas capacitadas para guiá-la. Mas o próprio Cristo capacita os chamados. Paradoxalmente, os escolhidos são muitas vezes os menos preparados, verdadeiros odres novos para o vinho novo.
Antes de ensinar, precisamos ser ensinados. Antes de conduzir, precisamos enxergar com clareza:
“Pode um cego guiar outro cego?” (Lc 6,39)
É necessário limpar nossos próprios corações antes de ajudar nossos irmãos.
Cristo plantou, cuidou e regou a semente da fé em nossos corações, para que frutificassem e dessem bons frutos.
“Toda árvore é reconhecida pelos seus frutos. Não existe árvore boa que dê frutos ruins, nem árvore ruim que dê frutos bons.” (Lc 6,43)
Com carinho e rigor, Ele molda nosso interior para que sejamos plenos de Deus.
“O homem bom tira coisas boas do bom tesouro do seu coração. Mas o homem mau tira coisas más do seu mau tesouro, pois sua boca fala do que o coração está cheio.” (Lc 6,45)
A Igreja é regida por Cristo e guiada por Ele. Ela é instituição, é comunidade, é a união dos corações de todos aqueles que seguem a Palavra e buscam viver o Evangelho. O próprio Senhor garantiu sua firmeza e autoridade ao instituí-la sobre Pedro:
“E também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.” (Mt 16,18-19)
Cristo molda e reforma Sua Igreja conforme Sua vontade, conduzindo seus caminhos segundo os desígnios do Pai. Assim como o oleiro molda o barro, Ele ajusta, fortalece e renova a Igreja para que cumpra sua missão no mundo:
“Eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel.” (Jr 18,6)
Que possamos buscar sempre a transformação do nosso coração, para que nossas palavras e ações reflitam a presença de Deus em nós.
Como nos recorda São João Paulo II:
“Não tenhais medo! Abri, ou antes, escancarai as portas a Cristo!”
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