Meus irmãos e irmãs, hoje celebramos o 19º Domingo do Tempo Comum e, dentro do Mês Vocacional, este é o Domingo das Famílias. A Palavra de Deus nos convida a refletir sobre a fé perseverante e sobre o papel insubstituível da família como berço das vocações e forno da fé.
A Carta aos Hebreus nos recorda: “A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, a convicção de realidades que não se veem” (Hb 11,1). Crer é viver, desde agora, com os olhos fixos nas promessas de Deus, caminhando com a certeza de que Ele cumpre Sua Palavra, mesmo que ainda não vejamos o cumprimento total. É como se a fé nos fizesse já tocar, hoje, a vida eterna que esperamos.
No Evangelho, Jesus nos encoraja: “Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai dar a vós o Reino” (Lc 12,32). O mundo tenta nos assustar, mas quem tem fé não vive prisioneiro do medo. A perseverança nasce de uma vida ordenada a Deus: quando obedecemos ao Senhor, não nos deixamos dominar pela ansiedade, mas confiamos que o Pai cuida de nós.
A primeira leitura fala da noite da libertação: “A noite da libertação fora predita a nossos pais… enquanto entoavam antecipadamente os cânticos de seus pais” (Sb 18,6-9). Essa fé foi transmitida de geração em geração. Assim também deve ser em nossas famílias. O Salmo 33 proclama: “Feliz o povo que o Senhor escolheu por sua herança” (Sl 33,12). E nós sabemos que a herança mais preciosa que podemos deixar aos nossos filhos não é material, mas espiritual: é a fé vivida no cotidiano.
A família é o primeiro catecismo. Nos primeiros anos de vida, forma-se o caráter, molda-se o coração e planta-se a semente da vocação. Só há verdadeira família quando existe obediência a Deus por parte de seus membros.
Se queremos vocações santas, lares fiéis e corações perseverantes, precisamos cultivar, em casa, a oração, a escuta da Palavra e o testemunho cristão.
Jesus, no Evangelho, ainda nos adverte: “Felizes os empregados que o Senhor encontrar acordados quando chegar” (Lc 12,37). A vigilância não é medo, mas prontidão amorosa. É viver cada dia como um presente de Deus, pronto para servi-Lo e acolhê-Lo quando Ele vier. Na família, essa vigilância se traduz em cuidar uns dos outros na fé, para que ninguém desanime no caminho.
Por isso, a liturgia de hoje nos convida a viver a fé como certeza do que esperamos, a fortalecer a família como lugar de oração, obediência e transmissão da fé, e a permanecer vigilantes, sustentados na esperança e na perseverança.
Neste Domingo das Famílias, peçamos a Deus que nossos lares sejam verdadeiras igrejas domésticas, onde brotam e amadurecem as vocações sacerdotais, religiosas, missionárias e matrimoniais. E que, quando o Senhor vier, encontre-nos de pé na fé, com o coração desperto e a lâmpada acesa. Amém.
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