Assim clama o sábio Eclesiastes, denunciando o vazio de uma vida centrada apenas nos bens passageiros deste mundo. Acaso não vemos isso refletido em nossos dias? Corremos, acumulamos, planejamos… mas para quê?
“Atenção! Tomai cuidado contra todo tipo de ganância, porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens” (Lc 12,15), adverte Jesus no Evangelho. Ele nos convida a um olhar mais profundo sobre o sentido da vida.
Por que entregas as tuas forças por aquilo que é perecível?
Vives tua vida em uma eterna preparação de um amanhã, precisas crescer, estudar, avançar, promover, evoluir. Sempre se preparando três passos à frente, mas esqueces de viver o hoje.
“Nem mesmo de noite repousa o seu coração” (cf. Ecl 2,23).
Enches teu ser de preocupações e ansiedades pelo medo de não ter controle do futuro. Perdes tua paz por querer tomar o lugar de Deus.
Tu rezas: ‘O pão nosso de cada dia nos dai hoje’, mas somente o de hoje não te sacia.
Tu desejas garantir um futuro eterno nesta terra, mas esqueces que a eternidade só existe para quem já passou pela sua Páscoa, isto é, para quem morreu e ressuscitou com Cristo.
Tolo!, dirá o Senhor, “esta noite ainda pedirão de ti a tua alma. E o que acumulaste, para quem será?” (cf. Lc 12,20).
Bens acumulados se tornam depois fonte de disputa, divisão e rancor.
“Quando morreres, não levarás contigo o que acumulaste, mas sim o que deste” – dizia São João da Cruz.
“Aspirai às coisas do alto, e não às da terra” (Cl 3,2), exorta São Paulo.
Pois tudo o que é terreno é passageiro: imoralidade, impureza, paixão desordenada, cobiça — que é idolatria (cf. Cl 3,5).
É tempo de despojar-se do homem velho e revestir-se do homem novo (cf. Cl 3,9-10).
Que nossa oração seja como a do salmista:
“Ensinai-nos a contar os nossos dias, e dai ao nosso coração sabedoria!” (Sl 89,12)
E que a sabedoria do céu nos conduza a uma vida simples, livre e cheia de Deus.
