Solenidade de São Pedro e São Paulo, Apóstolos – Ano C
Neste domingo, a Igreja celebra dois grandes pilares da fé cristã: São Pedro e São Paulo, apóstolos escolhidos e enviados por Cristo, colunas firmes sobre as quais se ergue a edificação do Corpo de Cristo, que é a Igreja. Suas vidas, embora distintas, convergem na missão: anunciar o Evangelho até as últimas consequências.
“E assim, cada qual à sua maneira, congregou a única família de Cristo, e unidos pela coroa do martírio, recebem hoje, no mundo inteiro, igual veneração.” (Prefácio da Solenidade)
Ambos ouviram o chamado radical do Senhor:
“Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mt 16,24).
Pedro deixou suas redes na praia. Homem simples, pescador, casado, com sogra, com casa e trabalho — uma vida já estabelecida. Sua renúncia foi total: trocou a segurança do lar pela incerteza da missão.
Paulo, por sua vez, gozava de prestígio: fariseu zeloso, homem culto, cidadão romano, com poder e reconhecimento. Mas tudo isso ele considerou como perda diante da sublimidade de conhecer a Cristo (cf. Fl 3,8).
“Aquele que me separou desde o ventre materno e me chamou por sua graça, dignou-se revelar-me o seu Filho para que eu o pregasse entre os pagãos” (Gl 1,15-16).
- Tomaram suas cruzes e se deixaram transformar
Tomar a cruz não é negação da identidade, mas sua plenificação em Cristo. Assim como Jesus não revogou a Lei de Moisés, mas a levou à perfeição, Ele também não destrói quem somos, mas faz florescer o que temos de melhor.
Pedro, impulsivo, insistente e por vezes imprudente, tornou-se o pastor fiel das ovelhas de Cristo.
“Simão, filho de João, tu me amas?… Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21,15-17).
Paulo, outrora perseguidor feroz, converteu-se em uma tempestade missionária, movida por um amor abrasador:
“Asseguro-vos que o Evangelho pregado por mim não é conforme a critérios humanos… mas por revelação de Jesus Cristo” (Gl 1,11-12).
- Seguir a Cristo com todas as forças
Jesus não exige perfeição prévia. Ele chama agora, como estamos.
Pedro errou muito, foi corrigido muitas vezes. Negou Jesus três vezes, mas foi restaurado três vezes.
Paulo consentiu na morte de Estêvão, mas foi alcançado pela misericórdia na estrada de Damasco.
“O Senhor esteve ao meu lado e me deu forças; Ele fez com que a mensagem fosse anunciada por mim integralmente, e ouvida por todas as nações” (2Tm 4,17).
Cristo os lapidou. E hoje são luz para nós.
“Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda!” (At 3,6).
- Guardaram a fé e a comunicaram com amor
Ao final da vida, Paulo declara com coragem:
“Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé. Agora está reservada para mim a coroa da justiça…” (2Tm 4,7-8).
Pedro e Paulo não apenas viveram o Evangelho, mas o anunciaram até o martírio.
São João Crisóstomo afirmou certa vez: “Ambos os apóstolos são como os olhos do corpo da Igreja. Por eles, contemplamos a luz de Cristo.”
- Nossa missão também é guardar e anunciar
Celebrar Pedro e Paulo é também renovar nosso próprio chamado. Fomos todos alcançados pela graça. O mesmo Espírito que agiu neles age hoje em nós.
“Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo, seu louvor estará sempre em minha boca. Minha alma se gloria no Senhor; que ouçam os humildes e se alegrem” (Sl 33[34],2-3).
Que o testemunho destes santos apóstolos nos impulsione a guardar a fé com fidelidade e anunciá-la com coragem, com palavras e com vida.
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