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Tome a sua cruz

Decidir-se por Cristo

No Evangelho deste 12º Domingo do Tempo Comum, uma expressão de Cristo chama profundamente nossa atenção: “Se alguém me quer seguir…” (Lc 9,23).

Nessas poucas palavras, percebemos duas realidades fundamentais da vida cristã. A primeira é o respeito absoluto de Deus pela liberdade humana. Ninguém é forçado a segui-Lo. O amor só pode ser verdadeiro quando é livre.

A segunda realidade está no próprio termo “se alguém”, que revela não apenas uma proposta aberta, mas também uma constatação: poucos se dispõem de fato a abraçar esse caminho. Seguir Cristo nunca foi algo fácil ou popular, pois exige renúncia, cruz e fidelidade.

Poderia o Senhor ter dito: “Aos que querem me seguir…”, e, mesmo assim, manteria nossa liberdade. No entanto, ao escolher “se alguém”, Ele indica que esta decisão é rara, preciosa, e implica em disposição sincera de alma.

Suas palavras não são simples convites, mas apelos exigentes. “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e siga-me” (Lc 9,23).

Aqui está o tripé da vida cristã:

1. Renuncie a si mesmo — Isso é radicalmente oposto ao espírito do mundo, que prega: “Pense em você primeiro. Valorize-se. Não faça nada sem retorno.” Cristo, ao contrário, nos convida ao esquecimento de nós mesmos, a colocarmos os outros em primeiro lugar e a servirmos gratuitamente, como Ele mesmo fez.

2. Tome a sua cruz — Não é buscar sofrimento por si, mas acolher, com amor, as dificuldades, os limites, as provações e os desafios da vida. O mundo nos diz: “Seja eternamente insatisfeito, busque sempre mais, nunca aceite limites.” Cristo nos ensina a abraçar nossa cruz com confiança e esperança. São Francisco de Sales dizia: “Nada nos acontece que Deus não permita para nosso bem; e aquilo que Deus permite, ainda que nos pareça duro, é para nossa salvação.”

3. E siga-me — Aqui está o cerne da proposta cristã: não é apenas cumprir mandamentos, mas configurar a própria vida à de Cristo. Ter um Mestre, obedecer, não querer ocupar o primeiro lugar — coisas que o mundo rejeita, pois prega a autonomia absoluta, a independência e o orgulho. Seguir Jesus é aceitar que Ele nos conduza. Como dizia Santa Teresa d’Ávila: “Quem a Deus tem, nada lhe falta. Só Deus basta.”

Portanto, o chamado de Cristo não é um peso, mas um caminho de amor e liberdade.

No Eco da Palavra, buscamos refletir sobre os detalhes das leituras diárias que podem passar despercebidos nas homilias. Cada versículo tem uma riqueza infinita, e aqui, ecoamos essas pequenas grandes revelações para alimentar a fé e aprofundar a vivência da Palavra de Deus no dia a dia.