“Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Ao Deus que é, que era e que vem!”
A Solenidade da Santíssima Trindade nos convida, não a desvendar com precisão matemática o mistério de “um Deus em três Pessoas”, mas a contemplar, com o coração aberto, o Deus que é amor (1Jo 4,8). Este amor não é solitário: é comunhão perfeita entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Não é um conceito abstrato, mas um modelo de toda relação e comunidade.
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1,1).
O prólogo do Evangelho de João já nos introduz nesse mistério trinitário: o Verbo, o Filho, estava com o Pai e era Deus. O Espírito, por sua vez, pairava sobre as águas na criação (Gn 1,2). Desde sempre, Deus é relação.
Aqui, um belo paralelo se apresenta com a gramática: Na língua, o verbo precisa, muitas vezes, de um objeto para completar seu sentido — algo que receba sua ação. Mas quando Moisés pergunta o nome de Deus, a resposta é surpreendente: “Eu sou” (Ex 3,14). Deus se define por um verbo — “ser” — e não precisa de complemento. Ele é em Si mesmo, plenamente. Não há objeto que complete esse verbo porque Ele é plenitude. Como diz São Tomás de Aquino: “Em Deus, essência e existência são uma só coisa.”
“Ó Senhor, nosso Deus, como é grande vosso nome por todo o universo!” (Sl 8,2).
Este louvor ressoa em todo o cosmos, pois a criação leva a marca do Deus Uno e Trino.
Na leitura dos Provérbios (8, 22-31), a Sabedoria — figura do Verbo, o Filho — fala de sua presença antes da criação: “O Senhor me possuiu como primícia de seus caminhos, antes de suas obras mais antigas…”. A Tradição vê aqui o Cristo eterno, Sabedoria gerada e não criada, consubstancial ao Pai (Credo Niceno-Constantinopolitano).
O Catecismo da Igreja Católica, no §234, afirma: “O mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. É o mistério de Deus em si mesmo. Ele é, portanto, a fonte de todos os outros mistérios da fé; é a luz que os ilumina.”
A Trindade não é uma teoria distante, mas o coração do nosso modo de viver: fomos criados à imagem desse Deus-comunhão (Gn 1,26). Por isso, amar, relacionar-se, viver em comunhão — seja em família, na Igreja ou na sociedade — é o modo mais profundo de refletir a Trindade.
Santo Agostinho, que tanto refletiu sobre este mistério, dizia: “Se vês a caridade, vês a Trindade.”
Assim compreendemos: o Pai é o Criador, o Filho é o Redentor, e o Espírito Santo é o Santificador. Três Pessoas, um só Deus. Não são três modos de ser Deus, mas três Pessoas reais em comunhão perfeita de amor.
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