No dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo desceu em línguas de fogo sobre os Apóstolos, todos ficaram espantados e exclamaram:
“Esses homens que estão falando não são todos galileus? Como é que cada um de nós os escuta na própria língua?” (At 2,7-8)
Não é apenas um fenômeno de linguagem — é a linguagem do Espírito! É o Espírito que capacita a Igreja a falar ao coração dos povos, das culturas e das gerações. Ele faz com que os missionários de hoje falem a “língua” dos jovens, compreendam os dramas do nosso tempo e levem a Boa Nova até os cantos mais improváveis — das periferias aos ambientes virtuais. Que utilizam as redes sociais para o bem. Onde parece não haver espaço para Deus, ali o Espírito sopra.
Tudo isto é dom. Tudo isto é Graça.
Como ensina São Paulo: “Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo; há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo; há diversas atividades, mas o mesmo Deus é que realiza todas elas em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito para o bem comum.” (1Cor 12,4-7)
Dom Henrique Soares gostava de repetir: “A Igreja é um corpo, e no Corpo de Cristo ninguém é inútil, ninguém é dispensável.” Cada batizado recebeu dons, não para si mesmo, mas para o bem de todos, para o serviço — serviço que antecipa já neste mundo as realidades do Céu.
“De graça recebestes, de graça deveis dar.” (Mt 10,8)
Aos olhos do mundo, isso é loucura. Mas é a lógica do Evangelho: doar-se, servir sem esperar recompensa. O mundo busca poder; o Espírito nos impulsiona ao serviço. O mundo busca o trono; o Espírito nos leva à bacia e à toalha, como fez o Senhor na Última Ceia.
“A sabedoria do mundo é loucura diante de Deus.” (1Cor 3,19)
Quem se deixa conduzir pelo Espírito, torna-se filho. E se filhos, então herdeiros — herdeiros do Reino! (Rm 8,17)
Não somos mais escravos do medo, nem filhos do mundo. Somos de Deus. E no Espírito, clamamos com confiança: “Abá, Pai!” (Rm 8,15). Como uma criança que confia plenamente nos braços do pai, assim nos lançamos no coração do Pai do Céu.
Rezemos com a sequência de Pentecostes:
Espírito de Deus, enviai dos céus um raio de luz! Vinde, Pai dos pobres, dai aos corações vossos sete dons. Consolo que acalma, hóspede da alma, doce alívio, vinde! Dai à vossa Igreja, que espera e deseja, vossos sete dons. Dai em prêmio ao forte uma santa morte, alegria eterna. Amém.
Sim, Senhor! Que cada dom, cada carisma, cada vocação seja instrumento de unidade e de amor. Que nosso serviço, mesmo oculto, seja fermento do Reino. Que o Espírito Santo nos una, nos forme e nos envie, até que sejamos todos um só em Cristo, para a glória do Pai.
