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“O Senhor abriu-lhe o coração para aderir ao que Paulo dizia” (At 16,14).

Lídia, uma mulher trabalhadora e comerciante de púrpura, não apenas ouviu, mas acolheu a Palavra. Deus, em sua infinita misericórdia, abriu-lhe os ouvidos e o coração, e ela se deixou transformar pelo Evangelho.

Esse é o milagre da missão: quando a Palavra encontra terreno fértil, germina e frutifica.

Após ser batizada, ela experimentou a alegria profunda de quem encontrou Cristo: “Quão alegre estou, quão alegre tu me fizeste!” — talvez estas pudessem ser suas palavras.

Assim como o salmista exclama: “O Senhor fez maravilhas por nós, exultemos de alegria!” (Sl 125,3).

Lídia, em sua gratidão, não hesitou: “Se me julgais fiel ao Senhor, vinde hospedar-vos em minha casa” (At 16,15).

E mesmo que os missionários tenham tentado declinar, ela talvez insistiu com humildade e generosidade desta forma: “Já que me apresentaste Cristo, deixa-me ao menos oferecer-te um café com bolo”

Um gesto simples, mas repleto de amor. Sua hospitalidade, seu desejo de retribuir, são sinais claros de um coração transbordante de graça.

São João Paulo II afirmou: “A missão renova a Igreja, revigora a fé e a identidade cristã” (Redemptoris Missio). E Lídia é prova disso: uma vida transformada que, pela hospitalidade, também se torna missionária, abrindo as portas da sua casa e do seu coração.

Este pequeno gesto — insistir que os apóstolos permaneçam, servi-los com generosidade — revela a importância do acolhimento após o encontro com Cristo. O missionário é chamado não apenas a anunciar, mas também a saber acolher o acolhimento.

A missão só é verdadeira quando cria vínculos, quando respeita e valoriza quem é evangelizado.

Assim, aquele “cafezinho com bolo” de Lídia é como as duas pequenas moedas da viúva (Mc 12,41-44): um gesto simples, mas pleno de amor e entrega. O missionário deve aprender a acolher com gratidão tais sinais de afeto, pois eles são expressão do impacto profundo que a Palavra causa na vida das pessoas.

A missão é encontro, é reciprocidade. E é exatamente isso que brota da experiência de Lídia: amor que transborda, que acolhe, que serve.

Que a nossa missão evangelizadora seja sempre marcada por esse duplo movimento: anunciar com ardor e saber acolher com gratidão os frutos que o Espírito Santo suscita nos corações abertos.

“Ai de mim se eu não evangelizar!” (1Cor 9,16) — exclama São Paulo.

E com a mesma intensidade, possamos nós dizer: “Quão alegre estou, quão alegre tu me fizeste!”

No Eco da Palavra, buscamos refletir sobre os detalhes das leituras diárias que podem passar despercebidos nas homilias. Cada versículo tem uma riqueza infinita, e aqui, ecoamos essas pequenas grandes revelações para alimentar a fé e aprofundar a vivência da Palavra de Deus no dia a dia.