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Tu me amas?

Onde abundou o pecado, superabundou a graça (Rm 5,20).

O pecado não é apenas uma infração de uma norma moral; ele é uma ferida profunda causada no coração de Deus e no nosso próprio coração. Como ensina o Catecismo da Igreja Católica:

“O pecado é uma ofensa a Deus: ‘Contra ti, contra ti somente é que eu pequei’ (Sl 51,6). O pecado ergue-se contra o amor de Deus por nós e dele afasta o nosso coração” (CIC 1850).

A traição, como a que Pedro cometeu, revela a gravidade do pecado. Só se pode trair aquele a quem se ama, a quem se confia. E é justamente essa quebra de confiança que torna a traição tão dolorosa.

Pedro negou Jesus não com espadas, mas com palavras. E palavras podem ferir muitos mais do que gestos. Palavras estas que feriram não só o Coração do Senhor, mas também o seu próprio coração. Simão perdeu a firmeza da sua fé.

Jesus o havia advertido: “Antes que o galo cante, tu me negarás três vezes” (Lc 22,61). Três vezes — o número da completude. Pedro o negou com toda a sua fragilidade humana. E, ao se dar conta, chorou amargamente.

Mesmo assim, após a Ressurreição, Jesus vai ao encontro dos seus discípulos. Ele aparece pela terceira vez. O número três reaparece, Cristo buscava a conversão completa dos discípulos.

Jesus repete sinais que já haviam marcado o início da missão: a pesca milagrosa (Jo 21,6) e a partilha do pão e dos peixes (Jo 21,13). Em tudo, há um convite à memória, à conversão, ao recomeço.

Diante de Pedro, Jesus não acusa. Ele cura. Pergunta três vezes: “Simão, filho de João, tu me amas?” (Jo 21,15-17). Três perguntas, uma para cada negação. Uma cura completa. Um novo chamado.

“O Senhor nunca se cansa de perdoar: somos nós que nos cansamos de pedir a sua misericórdia” — o Papa Francisco.

O pecado tem consequências: fere nossa alma, fere os outros, e fere nossa comunhão com Deus. Mas a graça de Deus sempre será maior. Onde o pecado parece dominar, a misericórdia de Cristo resplandece ainda mais.

Por isso, ao reconhecermos nossas quedas, confiemos no olhar misericordioso de Cristo, que nos pergunta: “Tu me amas?”. Ele não exige perfeição, mas um coração arrependido e disposto a recomeçar.

No Eco da Palavra, buscamos refletir sobre os detalhes das leituras diárias que podem passar despercebidos nas homilias. Cada versículo tem uma riqueza infinita, e aqui, ecoamos essas pequenas grandes revelações para alimentar a fé e aprofundar a vivência da Palavra de Deus no dia a dia.