Lázaro precisou ser chamado para retornar à vida (Jo 11,43), e mãos amigas o ajudaram a remover as faixas que o prendiam à morte. Já o Autor da Vida, ao vencer a sepultura, não encontrou barreira alguma. Calmamente retirou Suas faixas e as deixou dobradas e organizadas (Jo 20,7), como quem anuncia serenamente que a morte não tem mais a última palavra.
Madalena, aflita, perguntava: “Quem removerá a pedra da entrada do túmulo?” (Mc 16,3). Mas Cristo já havia ensinado: “Se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda, direis a esta montanha: ‘Vai daqui para lá’ — e ela irá” (Mt 17,20). A pedra foi removida, não por mãos humanas, mas pela força da fé e da promessa.
Quando os soldados vieram prender Jesus no Getsêmani, bastou que Ele dissesse: “Sou eu”, e recuaram, caindo por terra (Jo 18,6). Agora, diante do túmulo vazio, ao se levantar, os algozes que montavam guarda caem desmaiados diante da glória do Ressuscitado.
Cristo foi recebido por anjos e foram esses mesmos anjos que confortaram as mulheres fiéis, concedendo-lhes a graça de anunciar a Boa Nova (Mt 28,5-7).
Ao ouvirem o anúncio, Pedro e João correram.
João, o discípulo amado, tinha um coração livre, leve. Ele que reclinou a cabeça sobre o peito do Mestre, que O seguiu até a cruz, agora corre sem peso, com alma limpa, pois amou até o fim. Como escreve João Bunyan no Livro do Peregrino, “corri com liberdade, porque meu fardo havia caído aos pés da cruz”.
Pedro, porém, mesmo tendo sido perdoado, ainda carregava o peso da culpa. Tinha negado o Senhor — três vezes. O olhar de Cristo já o havia tocado, cortando-lhe a alma como espada. Mas o peso do pecado — mesmo perdoado — ainda pressionava sua consciência.
Como disse Santo Agostinho: “O remorso sem esperança é desespero, mas o arrependimento com amor é caminho para Deus”.
Quantas vezes nós também nos encontramos assim? O perdão já nos foi alcançado na cruz, mas continuamos a carregar um peso que não nos pertence mais.
Por que insistimos em segurar as pedras da culpa, quando Cristo já removeu a maior delas?
Talvez hoje, você se encontre como Pedro… consciente de sua falha, mas ainda preso ao peso. O túmulo está vazio. As faixas estão dobradas. O perdão está ao seu alcance, esperando apenas que você corra — mesmo que devagar — ao encontro d’Aquele que venceu a morte por amor.
Corra. Mesmo que com peso, corra. E no caminho, deixe cair as pedras… Livre-se dos pesos da alma, se foi perdoado então ficou para trás. A confissão é o abraço de Cristo que desfaz as faixas e acalma o coração.
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