O ser humano foi formado do pó da terra, e ao pó retornará. Essa verdade, tão evidente em Gênesis 3,19, nos lembra da nossa fragilidade e da efemeridade da vida:
“No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, porque dela foste tomado; porquanto és pó e ao pó retornarás.”
Deus nos criou do barro, moldou-nos com Suas mãos e soprou em nós o fôlego da vida (Gênesis 2, 7). Contudo, muitas vezes, nos apegamos à aparência, esquecendo que fomos formados para algo maior do que as meras obras da carne. Em Eclesiastes 12, 7, é proclamado:
“E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu.”
Jesus, ao confrontar a hipocrisia dos fariseus, nos alerta sobre a futilidade de uma religiosidade vazia. Em Mateus 23, 27-28, Ele repreende:
“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque sois como sepulcros caiados, que por fora parecem formosos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda imundície.”
Esse ensinamento reforça que conhecer a Lei não basta se o coração não é transformado. Como nos lembra 1 Samuel 16, 7:
“O homem vê o exterior, mas o Senhor olha o coração.”
Nesse contexto, o período da Quaresma surge como uma oportunidade ímpar para a renovação interior. Viva intensamente este momento sagrado e permita que os frutos deste tempo não caiam e murchem, mas floresçam em uma mudança genuína dentro de ti.
Que a penitência e o jejum sejam instrumentos para que possas aprender que não é do excesso que se encontra a felicidade, mas sim na simplicidade e na verdadeira comunhão com Deus.
Que, ao término da Quaresma, os mesmos erros do passado não voltem a se repetir. Fortifique tua fé, permitindo que cada ato de sacrifício e cada momento de reflexão te lembrem do que é verdadeiramente importante. Em Mateus 9, 13, Jesus declara:
“Misericórdia quero, e não sacrifício.”
Essa mensagem nos ensina que sem misericórdia e transformação interna, nossa fé se torna mera aparência, vazia e sem propósito.
Vivamos, portanto, não apenas pela forma, mas pela substância do espírito. Como nos adverte 2 Coríntios 4, 18:
“Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas.”
Que a Quaresma seja um tempo de introspecção e renovação, onde cada prática penitencial fortaleça a essência do nosso ser, recordando-nos sempre que fomos criados do barro e que, ao fim, retornaremos à terra – mas somente um coração transformado pode perceber que somos estrangeiros nesta terra e o céu é o lugar de onde viemos e para onde queremos ir.
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