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A Hora

“Mulher, que tenho eu com você? A minha hora ainda não chegou” (João 2, 4)

Pouco após seu batismo, Jesus acompanhou sua mãe e seus primeiros discípulos a uma festa de casamento em Caná, na Galileia. Quando Maria percebeu que o vinho havia acabado, ela se aproximou de Jesus e lhe disse: “Eles não têm mais vinho.”

Ela demonstrou grande ousadia ao pedir um milagre. Maria foi direta, mas recebeu uma resposta que poderia parecer uma recusa. Ao ouvir as palavras aparentemente duras de Jesus, talvez tenha sentido um estremecer interior, mas, em nenhum momento, se retirou ofendida ou confusa, como muitos de nós faríamos. Ela manteve sua fé inabalável e acreditou firmemente que Ele a ajudaria. E, sem hesitar, continuou a confiar.

Imagine o olhar trocado entre mãe e filho, onde as palavras eram desnecessárias e a comunicação acontecia em silêncio.

Maria nos ensina a perseverança na oração constante. Não devemos nos afastar de Deus desanimados quando pedimos algo e ainda não fomos atendidos.

Admiramos a atitude de Maria, que, mesmo diante da recusa, confiou plenamente e instruiu os servos a agir. Como ela, devemos confiar incondicionalmente no Senhor e continuar esperando com fé, até sermos atendidos.

Por meio de Maria, temos uma antecipação da graça. Pela compaixão do Cristo, obediência e amor de filho, Maria antecipava a alegria do evangelho.

Mostrando-se como mãe de todos, que nos cuida com amor. Antecipa o que Cristo falaria na cruz “Es ai tua Mãe” (Jo 19, 27), a intercessora.

Jesus não havia realizado milagres antes disso (João 2, 11), mas Maria sabia da divindade de Jesus desde que ele foi concebido. Ela sabia que Jesus teria poder para resolver o problema, e ele o fez.

O próprio ato de não realizar milagres nos trás ensinamentos. Onde a prioridade do ministério de Cristo é o anúncio da palavra. Mais importante para a nossa vida, o alimento espiritual do que milagres físicos. Antes de dizer “levante-te e anda”, Cristo diz “os teus pecados estão perdoados”.

Aprenda que você não deve precisar ver para crer. Pois a conversão deve brotar, para que a graça frutifique.

Ainda nos resta uma questão:

Jesus falou que não era a sua hora, mas qual hora é esta?

O Cristo sabia que o momento sublime da sua vinda seria a sua entrega, a sua morte. Mas até lá deveria transmitir a Boa Nova a todos.

Porém, também sabia da fragilidade humana. Sabia que ao ver uma obra miraculosa iriam se aproximar Dele em busca de mais milagres, no lugar de querer ouvir suas palavras.

“Jesus respondeu: — Eu afirmo a vocês que isto é verdade: vocês estão me procurando porque comeram os pães e ficaram satisfeitos e não porque entenderam os meus milagres.” (Jo 6, 26)

Quando Jesus se manifestou em Jerusalém, alguns judeus já desejavam matá-lo. Embora soubéssemos que Ele veio ao mundo para se sacrificar, poderíamos imaginar que Sua missão seria cumprida rapidamente. No entanto, Ele não seria apedrejado nem morreria naquele momento. João explica: “Então quiseram prendê-lo, mas ninguém lhe pôs as mãos, porque a sua hora ainda não havia chegado” (João 7, 30).

Jesus citou por diversas vezes que “a sua hora ainda não havia chegado”.

E quando enfim chegou a hora, Jesus já havia feito e falado tudo o que era necessário para a nossa educação na fé. E seus últimos ensinamentos diretos aos discípulos se aproximavam.

Jesus lhes respondeu, dizendo: É chegada a hora em que o Filho do homem há de ser glorificado. (Jo 12, 23)

Reforçando que a cruz seria para a glória de Deus e salvação do mundo, onde a morte seria vencida.

Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão. (Jo 5, 25)

A hora de Cristo foi o momento da salvação da humanidade, a abertura das portas do céu para todos os que nele crê.

A sua hora, foi o ponto mais alto da catequese divina para nos ensinar a amar verdadeiramente a ponto de dar a vida.

No Eco da Palavra, buscamos refletir sobre os detalhes das leituras diárias que podem passar despercebidos nas homilias. Cada versículo tem uma riqueza infinita, e aqui, ecoamos essas pequenas grandes revelações para alimentar a fé e aprofundar a vivência da Palavra de Deus no dia a dia.