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O Jordão
O Jordão

O Jordão

Considerado o ponto mais baixo do planeta, é o rio que fica a centenas de metros abaixo do nível do mar e deságua no Mar Morto.

Jesus se batizou nestas águas. Deus reservou a mais profunda das correntezas para iniciar o ministério do Cristo.

Jesus vem mergulhar nas profundezas da nossa alma para purificarmos, como podemos observar no Jordão que todas as imundices feitas anteriormente são encontradas no mesmo lugar.

Nossa alma se assemelha a este rio. Onde por onde suas águas passam vão se adicionando detritos, e sempre se escondendo para o mais fundo do consciente.

“Depois resolvo isto!”; “Não preciso pedir perdão!”; “Eu estou certo”; “Não fui eu”…

Cada vez que abrimos brecha para: o orgulho, a preguiça, a luxúria, a avareza; vamos poluindo o nosso rio. Nossa alma está poluída, e Cristo deseja entrar. E se você recusar? E se você falar “Amanhã eu vejo isso”?

Ele desaguará no Mar Morto.

Vejamos o nosso paralelo com o rio Jordão.

Nosso desafio diário é observarmos nosso interior e atravessá-lo sem medo.

Quando Josué iniciou a conquista de Canaã, o primeiro obstáculo que enfrentou foi a travessia do rio Jordão. Era época de cheia, quando o rio, normalmente estreito, transbordava para suas margens, tornando a travessia extremamente difícil. (Josué 3, 15-16)

Deus instruiu os sacerdotes a entrarem na água, carregando a Arca da Aliança. Assim que fizeram isso, Deus interrompeu o fluxo das águas mais acima, fazendo com que a água se acumulasse e deixasse um caminho seco. Os sacerdotes permaneceram no leito do rio, e todo o povo de Israel atravessou em segurança, em terra seca.

Para chegar na Terra Prometida precisamos atravessar o rio da nossa alma a pé enxuto sem medo do que iremos encontrar no fundo deste rio. Como? O que tinha dentro da Arca da Aliança?

As duas tábuas da lei, o cajado de Aarão e um vaso do maná.

A Lei, a palavra dos profetas e o Pão do Céu.

O convívio em igreja, sua doutrina e ritos. A Palavra e seus conhecimentos. O Alimento celeste que nos renova a alma e da força para prosseguir.

É o necessário para cessar as correntezas da sua vida.

Séculos após o tempo de Josué, o profeta Elias estava prestes a concluir seu ministério. No seu último dia de vida, ele caminhou com seu discípulo Eliseu até o rio Jordão. Ao chegarem à margem, Elias dobrou seu manto e o golpeou na água. Imediatamente, as águas se separaram, permitindo que os dois atravessassem o rio em terra seca! (2 Reis 2, 7-8) Ao chegarem à outra margem, Elias foi levado ao céu em um redemoinho e nunca mais foi visto.

Não importa se você é um guerreiro como Josué ou um profeta como Elias. O caminho para o céu passa pela travessia do rio. Você precisa tomar coragem para lutar contra os seus demônios.

Um general sírio chamado Naamã havia contraído lepra. Ele veio visitar Eliseu para receber um milagre. Eliseu lhe enviou uma mensagem para ir se lavar sete vezes no rio Jordão. Naamã desprezou o rio Jordão, que não era nada de especial. (2 Reis 5, 11-12)

Os servos de Naamã o convenceram a se banhar no rio Jordão. Quando completou o sétimo mergulho, a pele de Naamã ficou completamente curada! Ao ver isso, Naamã se converteu e tomou a decisão de adorar apenas a Deus. (2 Reis 5, 14-15)

Eis que estavas dentro, e eu, fora – e fora Te buscava, e me lançava, disforme e nada belo, perante a beleza de tudo e de todos que criaste. Estavas comigo, e eu não estava Contigo… Seguravam-me longe de Ti as coisas que não existiriam senão em Ti. (Santo Agostinho)

Quantas vezes somos como Naamã que esperamos coisas grandiosas para se sentir amados por Deus. Quando, na verdade, sempre esteve conosco. Só precisamos mergulhar em nós mesmos para percebermos o quão pequenos somos diante do Pai.

E após reconhecer as nossas misérias poderemos nos entregar verdadeiramente, acreditando fielmente na providência.

Quando todo o povo estava sendo batizado, também Jesus o foi. E, enquanto ele estava orando, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como pomba. Então veio do céu uma voz: “Tu és o meu Filho amado; em ti me agrado”. Lc 3, 21-22

Paramos um pouco aqui para imaginar.

Pense comigo, Deus em sua grandiosidade e magnitude torna-se humano, carne e osso. Desce para o mais baixo rio para ser batizado. Veja que todo o povo estava lá. Jesus esperou pacientemente em uma fila até chegar a sua vez.

Jesus em sua humanidade esperou em uma fila. Quantas vezes você já se viu em uma fila esperando por algo. Como impaciente somos quando temos que esperar. Quão imediatistas estamos?

Imagine o Cristo em uma fila agora. Esperando para poder entrar no seu coração. A fila das suas prioridades.

E quando a Sua vez chegar…

O céu vai se abrir. O Espirito Santo irá pairar. E você finalmente escultará o que tanto anseia escutar: “Tu és o meu Filho amado; em ti me agrado”.

No Eco da Palavra, buscamos refletir sobre os detalhes das leituras diárias que podem passar despercebidos nas homilias. Cada versículo tem uma riqueza infinita, e aqui, ecoamos essas pequenas grandes revelações para alimentar a fé e aprofundar a vivência da Palavra de Deus no dia a dia.